quarta-feira, 24 de março de 2010

Artigo: Uso de cocaína e crack na infância e adolescência

Infância e adolescência são períodos da vida caracterizados pela maior vulnerabilidade. Dessa forma, um ambiente aversivo pode influenciar de forma negativa o desenvolvimento psicológico e social. Fatores biológicos, como as mudanças em seu corpo, aliados à necessidade de inserção social, formação da personalidade, preparação para a vida adulta e o aprendizado da convivência social que ocorrem criticamente neste período, aumentam essa vulnerabilidade.

Das várias substâncias que podem ser experimentadas durante este período da vida, a cocaína é uma das que gera maiores preocupações dada a rapidez com que pode causar dependência. A cocaína, estimula o sistema nervoso central, produz euforia e provoca, aumentando a energia, a excitação sexual, levando a comportamentos sexuais de risco. Causa também desequilíbrio emocional. Acabando o estoque de cocaína, o paciente fica deprimido e irritável.

Outro fenômeno que chama atenção é o “craving” que é difícil de definir, mas é uma força que deixa o usuário com muita vontade de usar a droga. Este fenômeno integra o próprio conceito de dependência. Das pesquisas sobre o assunto, sabe-se que o estresse contribui para o aparecimento do craving. Tais fenômenos influem sobre a criança e o adolescente por desviar o aprendizado de comportamentos necessários para o crescimento, direcionando-o para o consumo da droga.

Estudo realizado com jovens de classe média americana assistidos em clínicas ambulatoriais documentou a evolução do consumo: de 464 adolescentes que faziam uso abusivo de drogas, 28% fumaram crack. Destes, 67% fizeram uso experimental, 18% fumaram mais de 50 vezes (usuários intensos). Destes últimos, 60% progrediram da iniciação para o uso semanal em menos de 3 meses.

No adolescente, a história de uso de droga é mais curta do que no adulto, pois a procura por serviços de saúde é mais relacionada com traumas ou overdoses, mais freqüente neste grupo por serem mais inexperientes. O tratamento do adolescente deve englobar a situação familiar, escolar, saúde geral, comportamento sexual de risco, envolvimento em comportamento delinqüente, saúde psiquiátrica e ocupação. Uma avaliação compreensiva no início do tratamento deverá abranger todos estes aspectos, além de focar o histórico do envolvimento com a droga e o quanto o paciente está inconscientemente envolvido pela droga.

Em uma área onde o tratamento do adulto ainda não atingiu, nas pesquisas realizadas, um nível de consenso, torna-se difícil traçar diretrizes para o tratamento do adolescente. De qualquer forma, não há discordância quanto ao fato de que a exposição à cocaína na forma de crack durante a adolescência pode levar a padrões de uso intenso em curto período de tempo, que este uso interrompe uma etapa importantíssima do desenvolvimento humano e que o tratamento deve ser compreensivo.

Fonte: OBID

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